domingo, 24 de julho de 2011

Capítulo 1

Decisão

A tristeza era minha amiga, a solidão minha vizinha e a morte é o meu único caminho. Me vejo no alto de uma das maiores empresas desta cidade e em minha mente apenas duas opções:

Continuar ou Desistir?

Neste momento estou a ponto de tomar a maior decisão de minha vida, que é justamente decidir se vou continuar com ela, muitos dizem que aqueles que se matam são covardes e eu concordo, nunca fui corajoso, sempre fugia de brigas e procurava fazer com que tudo fosse o mais fácil possível para mim, não tinha coragem de enfrentar situações que exigiam mais do que eu poderia fazer, nunca acreditei em mim mesmo. A chuva cai, parece que cada gota que cai sobre mim é mais um fardo que carrego comigo, fardo, isso me lembra a famosa frase do meu pai:

Você é um fardo para mim, você matou a sua mãe!

Minha mãe morreu durante meu parto, meu pai nunca aceitou isso, ele falava que eu parecia com minha mãe e que eu tinha roubado sua alma, meu pai era um homem supersticioso e bebia muito, bebia para tentar esquecer os problemas, ganhava pouco e com que ganhava gastava em bebida, muitas vezes a vizinha que me dava algo para comer, eu era muito pobre, e quase não ia para escola, eu tinha, melhor dizendo, eu tenho medo do meu pai, apesar dele ter morrido de cirrose quando eu tinha 14 anos, eu ainda tenho pesadelos das duras surras que eu recebia todos os dias e das ameaças. Sempre acreditei que talvez um dia tudo iria mudar e que apesar de tudo que aconteceu comigo, eu tinha um proposito para ter nascido, meu pai dizia que eu roubei a alma de minha mãe, aquilo sempre martelou em minha cabeça, se estou vivo deve ser porque ela deu a vida por mim, se estou vivo, deve ser por que ela queria algo para mim, mas hoje, hoje, não tenho mais forças para continuar. Olho para o passado e apenas lembro de minhas lagrimas, de noites em claro pensando no que fazer, de quantas vezes eu fugi, de quantas vezes eu desisti e sabe de uma coisa, não vejo porque continuar, não vejo o porque continuar algo que só me mostra cada vez mais que não vou chegar a lugar algum. Depois que meu pai morreu fui para um orfanato e logo fui adotado por um casal rico, o senhor e a senhora Almeida eram muito rigorosos, me colocaram nas melhores escolas, e faziam eu estudar o dia todo, eles diziam que me amava, mas se eu saísse do que eles queriam para mim eu era castigado severamente ficando sem comer ou tendo que escrever o dia todo. Não culpo o senhor e a senhora Almeida de nada, eles me ajudaram muito e graças a eles, quando fiz 18 anos fui trabalhar na empresa do Sr.Almeida, uma das melhores empresar da cidade, esta mesma empresa onde estou no ultimo andar de pé na ponta do prédio arriscando terminar com tudo. Nunca reclamei da minha vida, nunca comentei para alguém da minha vida, até hoje, eu só queria um motivo, algo para continuar. De pé na ponta desse prédio, apenas peço um motivo para viver.

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